Soneto da conjugalidade
O nosso amor é d'ontem e d'agora;
a teu lado quero todo o futuro.
Mas por favor, meu doce, sem demora:
não mais exijas este afã tão duro.
Às vezes tento mas fico de fora
do perfeito agir mais belo e puro.
Mereço pois censura em boa hora
porém nunca - jamais! - em vil tom d' urro.
O que quero dizer com esta glosa
é que sei que no atraso quebrei leis
e a confiança da qual meu fazer goza.
Mas todo o amor que dura, bem sabeis,
vive muito mais de uma voz bondosa
do que desses sinais e sons cruéis.
Soneto numa reunião
A partilha do PC indicou
o ano de dois mil cento e vinte sete,
avanço pelo qual tudo bloqueou
e dissemos adeus à internet.
Perguntei-me em silêncio o qu' enfim sou
e se viver não mais é qu' este frete
recordando que cedo sei que vou,
longe de dois mil cento e vinte e sete.
O terrível murmúrio "tudo passa..."
sem dó interrompeu meu quotidiano
com mistérios que sempre o tempo laça.
E seja eu pouco ou áureo soberano
nada vale o vigor do que bem faça
no eterno devir de cada ano.
domingo, 5 de janeiro de 2025
comecei a escrever sonetos
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