hay que vivir combatiéndose
enquanto sou atendido,
entra na barbearia um pobre coitado;
cabisbaixo e desistente,
perde-se em queixumes.
ao sair, trocando de lugar,
dirijo-lhe um altivo boa tarde,
surpreendido pela minha própria frieza.
já na rua, compreendo:
por momentos não soube
se falava com outro
ou com aquela parte de mim
que, alheia, me coabita.
cura
na televisão, um homem
brinca com leões.
ganhou a sua confiança,
aprendeu os seus enigmas.
assim, já sem receio
perante a ferocidade,
convivo com os meus fantasmas.